Nós compartilhamos palavras...Às vezes o mundo fica muito pequeno, daí as palavras se soltam e criam mundos para si próprias. Elas só querem ser ouvidas, só querem ser compartilhadas, elas só querem ser vividas.

-palavrantes-

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Paradoxo da Sofia.


Não posso entender aqueles que não me entendem. Minha intelegibilidade é limitada ao que me é confortável. 

No conforto do que me é inteligível me ponho, a cada dia, numa espécie de missa de sacrifício de mim mesmo.
Podia ser muito maior que isso tudo; podia ser maior que eu. Mas vivo na mesquinharia leve, no pensar que é bom o só me entender, isso que deve bastar.
Ao mesmo tempo, meu corpo e minha mente anseiam por mais, pelo outro, pela pessoa ou pela alma que vai me ensinara ser maior do que eu sou. Vai me ajudar a acrescentar no meu plasma de sentimento e sabedoria.
Busco pela sofia que vai me abrir para o mundo exterior.
Viva o meu paradoxo!
Tão só de mim.
Tão cheio de todos.
Tantas partes ao mesmo tempo; é o mundo que quero engolir.
De corpos de coisas de sinto do sou.

Palavrantes.

sábado, 4 de setembro de 2010

Resenha do nosso eu.

Guardo minhas mãos só para as palavras que me tomam.
Guardo minha caneta só para as matérias que me competem.
Guardo meus dedos para desenhar mapas naqueles que eu amo.
Guardo meus braços para segurar a luz concreta que me guia.
Guardo meus pés para equilibrar um corpo pesado, mas que misteriosamente se fixa sobre eles.

Deixo ir minhas mãos para poder largar o porto fixo e flutuar.
Agora desfaço, desconstruo.
Só aquelas poucas coisas me bastam, me servem e me guardam.
Resumo do que sou e o que fui até este instante.
Resenha.

Palavrantes.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Frustração.

Quando a tristeza bate e a melancolia vem, a vontade de escrevê-las é imensa. Triste é o poeta que depende delas para agir. As palavras parecem tão soltas e tão escassas de significado que nada me basta, nada convem na hora de ser. Parece que a tentativa de fazer alegria em pequenos complexos de letras é sempre o fiasco de nós. Se soubesse lidar com isso não as faria compartilhar o sofrimento junto. 

Mas esse mundo de pensar o bastante e não conseguir tornar concreto me desafia e me persegue a cada dia. O mundo me desafia. As pessoas me desafiam. Todos estão esperando alguma coisa em algum tempo. O sonho continua... Correndo, andando, fugindo, encontrando, todos ainda olham atentamente com olhos fitados no algo que você dará. 

Fábulas, histórias, estórias, contos, falas, gritos, ainda são a falta de algo, às vezes o nada, que pela palavra tento inundar. Elas vivem tentando construir o mundo que quero falar pro mundo. E quando a tristeza e a melancolia vem busco nelas a tentativa de desconstruí-las. 

É trabalho árduo. Trabalho de arquiteto. Trabalho de pedreiro. Repentinamente as coisas simplesmente não são, não vão, não saem. Daí retornam pra onde não saíram, retidas por dentro, são um fluxo angustiante. Que pulam, borbulham por dentro, mas vivem o constrangimento e o fracasso de não terem virado realidade. 

Assim mesmo é a tristeza, que se frustrou em não ser alegria, e se juntou as palavras na tentativa da felicidade recíproca. Elas podiam ter êxito no trabalho. Mas podem ser  também só a ilusão de um dia ser.

.Palavrantes.